A alimentação da criança com autismo costuma ser um desafio para nutricionistas, pediatras e outros profissionais da saúde responsáveis por acompanhar o seu desenvolvimento.
Antes de ter o diagnóstico de autismo, é preciso considerar esse paciente como um ser humano em sua individualidade. Assim como qualquer outra pessoa, a alimentação dessa criança também forma a base da sua vida e saúde.
Um grande problema enfrentado pelas famílias de crianças com diagnóstico de autismo é a seletividade alimentar. Quando esse paciente não se alimenta de forma equilibrada e não garante todos os seus nutrientes, a tendência é que seu desenvolvimento fique prejudicado e os sintomas do autismo sejam agravados.
Se você tem um paciente com esse diagnóstico ou uma criança na sua família, siga até o final do artigo. Vou te explicar a importância da alimentação e a maneira de realizar ajustes de forma que a criança aceite.
Se você tem a sensação que existem mais diagnósticos de autismo nos dias de hoje do que existia antigamente, você está certo.
Não é só porque as avaliações e diagnósticos iniciam mais cedo e de maneira mais eficaz. De fato, existem variáveis que estão influenciando no aumento dos casos de crianças com o autismo e não podemos fechar os olhos para eles. Diversos artigos mostram que a contaminação do ambiente por disruptores endócrinos – como metais tóxicos e agrotóxicos – contribuem para esse aumento.
Nosso estilo de vida, nossa alimentação e a poluição podem ter impactos no crescimento dos casos de autismo. No Brasil, não existe um levantamento estatístico sobre os casos de autismo. Mas, podemos considerar as estatísticas nos Estados Unidos, onde foi identificado 1 caso de autismo para cada 59 nascimentos.
O nutricionista materno-infantil é fundamental no acompanhamento desse paciente, tanto quanto os outros profissionais consultados regularmente (fonoaudiólogo, pediatra, psicólogo, etc). Essa equipe multidisciplinar deve trabalhar em conjunto para a criança ganhar chances de desenvolver os seus potenciais.
Se uma criança sem o diagnóstico de autismo já tem o seu comportamento e desenvolvimento influenciados pela alimentação, o paciente nessa condição é ainda mais sensível aos efeitos dos alimentos. Isso vale para as opções saudáveis e também para aquelas que sabemos que é melhor evitar.
Qualquer pessoa com o organismo inflamado tende a ser mais irritada. Enquanto as células de defesa interna atuam contra elementos que não deveriam estar ali e podem afetar a sua fisiologia, o humor sofre oscilações.
Em alguns casos, aplicar restrições alimentares pode ser importante ao paciente. Existem estudos que demonstram os benefícios de retirar a proteína do leite e o glúten da alimentação da criança com autismo.
No entanto, eu recomendo ao profissional de saúde que realize testes, pois um caso pode ser bem diferente do outro. Se retirar alguns alimentos reduz a inflamação no organismo, por que não fazer substituições?
Leia também: Vale a pena fazer carreira na nutrição materno infantil?
Encontrar crianças com autismo altamente seletivas é muito comum. Eu mesma já recebi em meu consultório pacientes que aceitavam poucos tipos de alimentos em seu cotidiano.
Mais do que a rejeição a sabores, esses pacientes contam com forte resistência a novas texturas dos alimentos. Por isso, introduzir novas opções pode ser um grande desafio.
Eu recomendo que jamais force. No entanto, realize essa exposição a novos alimentos de forma gentil e gradual. Comece com poucas quantidades e em alguma refeição específica.
Com paciência e persistência, o paciente com autismo acaba aceitando novos alimentos. A criação de rituais para a hora de cada refeição ajuda muito a estabelecer uma ordem para esse paciente.
Eu espero que este artigo ajude você a entender como cuidar da alimentação da criança com autismo.
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