You are currently viewing Os impactos do bisfenol-A na fertilidade, gestação e amamentação

Não é novidade que estamos cercados por plástico no nosso dia a dia.

A praticidade desse material faz que esteja presente em diferentes momentos e ocasiões.

No entanto, isso gera uma conta que será paga por nós e pelas próximas gerações: o acúmulo de bisfenol-A, ou BPA, no organismo humano, pode levar a diversos problemas de saúde.

O bisfenol-A está presente em muitos tipos de plástico e é um disruptor endócrino capaz de alterar a distribuição hormonal do ser humano, fazendo muito mal à saúde. Falei muito sobre o assunto neste artigo, caso queira se introduzir nesse assunto.

Esses impactos podem causar influências negativas na fertilidade, gestação e amamentação.

BPA, fertilidade e gestação

Mesmo quando planejam a gestação, muitos casais nem imaginam os impactos que a exposição ao bisfenol-A pode causar ao próprio organismo e também ao bebê, futuramente.

O BPA exerce efeitos epigenéticos na reprodução, especialmente em uma janela de cerca de 90 dias antes da concepção.

Nas mulheres, o BPA afeta os ovários e o desenvolvimento do embrião. Assim, a exposição ao BPA no período pré-gestacional pode tanto diminuir a fertilidade feminina e as chances de gerar um bebê.

No homem, o BPA impacta diretamente as funções endócrinas responsáveis pela reprodução humana. O eixo hipotálamo-hipófise-testículo é alterado, ocasionando em deficiência da síntese de alguns hormônios.

Também induz ao estresse oxidativo, gerando uma reação em cadeia dos radicais livres na região dos testículos, o que sugere que pode ser revertido pelo uso de antioxidantes. No entanto, essas influências causam impacto desde a contagem de espermatozoides até a sua chance de sobrevivência quando são expelidos para fecundação.

Na gestação, o BPA continua exercendo seus efeitos. Afinal, por se tratar de uma partícula muito pequena, ultrapassa facilmente o líquido amniótico da placenta.

Um estudo conduzido na Universidade de Michigan, nos EUA, concluiu que a presença do bisfenol-A causa estresse oxidativo em mãe e filho durante a gestação.

Esse processo prejudica a oxigenação das células, aumentando a resistência insulínica e inflamação. Isso impacta no risco de desenvolver diabetes e outras doenças metabólicas.

BPA: até no leite materno

E como o BPA passa para o leite materno? Trata-se de uma molécula tão minúscula que os receptores das células confundem com nutrientes e hormônios. Assim, acabam penetrando e se acumulando pelo organismo.

Quando o corpo feminino se prepara para amamentar, mobiliza as suas reservas de gordura e permite que os contaminantes sejam absorvidos pela gordura das glândulas mamárias e repassados ao leite materno.

A literatura científica aponta que o nível de contaminação do leite materno está relacionado também ao estilo de vida da mulher. Por exemplo, quanto maior o seu Índice de Massa Corporal – IMC, maior a tendência em concentrar esses químicos.

Outros fatores endógenos, como idade, estado fisiológico geral, hábitos alimentares, doenças autoimunes, relação com álcool e tabagismo também influenciam nessa conta.

Leia também: Como escolher utensílios para introdução alimentar livres de BPA?

A importância do acompanhamento pré-gestacional

Reduzir a quantidade de BPA à qual o bebê será exposto ao longo da gestação e da amamentação passa pelo acompanhamento médico e nutricional antes da gestação, durante e após.

Por isso, mesmo aquelas mamães que já estão amamentando podem abraçar essa causa em prol de um futuro mais promissor a essa geração. Quando menos poluição, melhor a qualidade do leite materno de todas.

Quero aproveitar para frisar que a presença do BPA não anula os benefícios do aleitamento materno exclusivo.

Essa possível contaminação não tem objetivo de contra-indicar o leite materno, mas sim, alertar para a importância da sustentabilidade e de controlar o uso de plásticos.

Se nós prejudicamos o planeta, ele também pode nos adoecer.

Atualmente, nem todos os plásticos trazem o bisfenol-A. Para reduzir esse contato, é importante observar se a embalagem ou o item adquirido traz o selo “livre de BPA”. Procure evitar aqueles com o número 3 ou 7 no triângulo de reciclagem. 

Falo com detalhes sobre os efeitos do plástico na saúde humana em meu livro: Epidemia do Plástico – Bisfenol BPA: Você precisa saber!Para conhecer, basta clicar aqui.

Espero ter esclarecido sobre a influência do bisfenol-A na saúde do bebê.

Com amor,

Andreia Friques.