Em meu cotidiano de consultório, eu atendo muito os dois extremos. Famílias com crianças que não comem nada e aquelas mães com a queixa: “Andreia, meu filho come demais”. O que fazer nesses casos? Neste artigo, vou tratar daquelas situações em que a família acredita que a criança está comendo exageradamente.
Eu preciso salientar, em primeiro lugar, sobre o mecanismo de auto-regulação. Todos nós contamos com essa regulação que define o quanto comemos – quer a pessoa tenha muito ou pouco apetite. Nas crianças, algumas situações atrapalham o funcionamento desse mecanismo, tais como:
- Comer na frente da TV, do tablet ou realizando alguma outra atividade em paralelo;
- Pressão para comer tudo que está no prato.
Além do mecanismo, a capacidade gástrica de cada pessoa varia, inclusive das crianças. Algumas comem mais que as outras e pode ser normal. Seu papel como pai ou mãe é ficar de olho no desenvolvimento do pequeno. Se o peso está saudável e a saúde em dia, não há razão para se preocupar.
“Meu filho come demais”, mas come o que?
Esta deve ser a primeira questão observada. Quando a criança é aquilo que chamamos de “boa de garfo”, consumindo grande quantidade e variedade de frutas, verduras, cereais integrais e legumes, pode ser que o seu ritmo de crescimento esteja exigindo muitos nutrientes. Por reflexo, vai comer mais. As fases mais características desse “meu filho come demais” é no primeiro ano de vida e na fase que antecede o estirão da adolescência.
Porém, há casos em que as crianças abusam de doces, frituras e refrigerantes. Aí, sim, é um caso para preocupação. Mesmo que o seu filho não esteja acima do peso, devido a esse consumo excessivo, ele tem grandes chances de desenvolver obesidade e outras doenças na vida adulta.
Precisamos lembrar que a quantidade não é tão importante quanto a qualidade de um alimento. A obesidade infantil, por sua vez, traz reflexos que estendem por toda a vida. Além da saúde, a alimentação inadequada desencadeia outros problemas, tais como o baixo rendimento escolar – já falei do assunto neste artigo – e depressão infantil.
Quando os problemas vão além do prato
A compulsão alimentar infantil pode ter causas emocionais que você nem imagina. Nem sempre isso acontece por causa da gula ou devido à fase de crescimento em que se encontra. Seu filho pode estar comendo demais pelos seguintes motivos:
- Depressão;
- Ansiedade;
- Tédio;
- Vício em açúcar;
- Baixa serotonina;
- Café da manhã pobre em nutrientes.
Seja qual for a razão, é preciso procurar auxílio de um nutricionista. É ele quem vai avaliar se a criança realmente está comendo muito e encaminhar para outro profissional, tal como um psicólogo, caso seja necessário. A compulsão alimentar, se diagnosticada, precisa ser tratada a fim de não causar prejuízos futuros à criança.
Espero que meu artigo ajude você a identificar se o seu filho está comendo demais ou é algo do seu parâmetro. Nunca hesite em procurar ajuda especializada.